Clairvoyance (Self-Portrait), 1936 |
HOMEM PROSAICO
O riso ternura dos teus lábios aceno
O perfume cristal do teu pescoço gazela
O cálice tempo que a tua força sustenta
Por sobre a mesa
A face branca do teu rosto luar
O vibrar filigrana do teu olhar crepúsculo
A gravata atadura que o teu colarinho prende
Sobre a camisa
O movimento distinto dos teus ossos alabastro
A cadência musical da tua respiração pássaro
Os botões de punho ouro com que distingues
A tua prosaica existência
O domesticado ondulante do teu cabelo mar
A ajeitada selva da tua barba amazónia
O aftershave subjecticida, auto-repelente com que abafas
A tua identidade
O sonho defraudado da tua juventude bandeira
A lágrima chuva dos teus olhos céu
O coração puído que te recorda a distância
De ti próprio
*
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