geme a noite, noite escura e fria
ao luar, luar de prata e de cetim
luar que num passe de arlequim
se vai perdendo nas asas da ventania
geme a noite em raivas de silêncio
do tanto que deseja a luz do dia
e a aurora mansa em que adormece
é um tormento
pois quem ama não lhe basta a fantasia
geme a noite de medo e solidão
e cada homem uma noite traz assim
mas é no escuro que se vê com exactidão
aquela luz que se persegue até ao fim
é assim que a vida é a semeadura
da noite da espera da colheita
do inesperado que se aceita
o teu destino é sempre renascer
e ao romper o novo dia
novo sonho com ele há - de chegar
como mãos camponesas a rasgar
as entranhas das terras ressequidas
Carla Furtado Ribeiro
(poema musicado pela autora)
(poema musicado pela autora)
2 comentários:
Belo este poema, Carla.
Obrigada por me ter incluído.
Um 2011 suave, terno e sorridente, repleto de poesia.
Obrigada, Dolita! Agradeço o seu comentário. bem haja!
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