ALDEIA
A minha aldeia é uma história de silêncio
Solene, hierático, intenso
ora altivo, ora raro, ora denso
De que as coisas se pressentem povoadas
Um silêncio de brisas transpiradas
Pelos corpos de chão, de terra, de semente
E de tudo o que no Homem faz presente
O mistério das coisas, insondável
A aldeia é rua de memórias apeadas
Bordadas a vidrilhos de luar
um jardim de angemas perfumadas
De um perfume impossível de expressar
São memórias e visões revisitadas
Em cada pedra, em cada tronco,
Em cada espiga de milho,
Em cada olhar de desfolhada
Que nos fere de emoção, aldeia amada
Que nos deixa o coração a soluçar.
[poema musicado pela autora]