
Não me movimenta, meu Deus, para querer-Te
O céu que me havias prometido;
Nem me movimenta o inferno tão temido,
Para deixar por isso de ofender-Te.
Tu me movimentas, Senhor!
Movimenta-me o ver-Te
Cravado em uma cruz e escarnecido!
Movimenta-me o ver Teu corpo tão ferido.
Movimenta-me Tuas afrontas e Tua morte.
Movimenta-me, enfim, Teu amor de tal maneira,
Que, ainda que não houvesse céu, eu Te amaria,
E, ainda que não houvesse inferno Te temeria.
Não tens que dar-me nada porque Te amo,
Porque, ainda enquanto espero não esperaria,
O mesmo que Te amo Te amaria.
(Anónimo, Séc. XVI)