A LUVA DE RICARDO

flor

Meu avô era poeta
Que enquanto escrevia, despia
A alma de desventuras…
Ao coldre tinha uma arma
Mas consta que
Não tinha armadura…
Por vezes sonhava sonhos
De gente simples, feliz…
Mas por dura cerviz
Foi proibido.
E em póstuma revolução
(E derradeira!)
Fez -se morrer rente ao chão
Em rasa simplicidade!
Meu avô… meu avô…
Era um poeta…
Que enquanto escrevia, despia
A alma de desventuras…
…E a herança de sua neta
Foi esta dor de poeta
Foi esta amarga doçura
E ainda a ausência que trago
Da sua ignota ternura.

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