JUSTITIA
De segredos te encerras, Deusa
De segredos te enovelas
De segredos te consomes
E acautelas…
De segredos te ocultas,
Pousando na cidadela
A sombra, apenas,
De mais densa luz
Que não desvelas…
De segredos te encerras, Deusa
Nocturna e sedutora,
Esfíngica e bela…
Sapiente sentinela,
Que na Tríade da Pólis
Se constela.
De segredos te encerras, Deusa...
De coração pétreo,
E enigmática, austera, selas
Com ordem, sublevação.
(Mas, eis que sepultas, então,
A lágrima que ocultas,
No aluir do teu íntimo perdão…)
Justiça! Justiça!
Quantos desenganos são....
Buscamos teus arcanos, mas em vão…
Pensamo-nos divinos, de humana condição…
Se, ao menos, em nosso palpitar profano,
Infundisses, da justiça divina, a humana cognição!…
Justiça! Justiça!
O teu perdão…
Pois Tu é que és Divina!
Mas, nós…não...
Carla Furtado Ribeiro, Inédito, 2010-10-16








Procede deste modo, caro Lucílio: reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugira das mãos. Convence-te de que as coisas são tal como as descrevo: uma parte do tempo é-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo é o tempo desperdiçado por negligência. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte não agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente.
